Bola Em Campo

26 de março de 2010

Um ano depois.


Os problemas, dúvidas e desafios vividos pelo Grêmio em 2009 caminharam algumas quadras para trocar o Olímpico pelo Beira-Rio. Um ano depois, é o Inter quem se vê envolvido por dificuldades similares às do rival na temporada anterior. Mesmo roteiro, mas com possível final diferente. É o que esperam os colorados.

O ponto básico da semelhança está na necessidade de disputar Gauchão e Libertadores ao mesmo tempo. No Rio Grande do Sul, tem aquela velha história: para os gigantes de Porto Alegre, o Estadual pouco vale quando é vencido. E vira um monstro em caso de perda. A rivalidade Gre-Nal, calcada na exigência de sempre bater o oponente, faz com que o torneio regional não possa ser deixado de lado. Foi o que complicou o Grêmio em 2009. E é o que vem infernizando o Inter em 2010.

Celso Roth era o técnico do Grêmio no ano passado. Vinha de um vice-campeonato nacional, tinha o grupo na mão e fazia boa campanha na Libertadores, com toda a pinta de que avançaria sem problemas às oitavas de final. No Gauchão, logo teve um Gre-Nal. E o Grêmio perdeu. Depois, teve outro, decidindo o primeiro turno. E o Grêmio perdeu. Estava desenhada a crise.

Para priorizar a Libertadores, o Grêmio deixou o Estadual de lado no returno. Foi jogar contra o Caxias, na Serra, com reservas. Resultado: levou 4 a 0, avançou para as etapas eliminatórias em quarto lugar e antecipou mais um Gre-Nal, já que o Inter foi o primeiro da outra chave. Pior: perdeu o clássico. E Celso Roth, mesmo bem na Libertadores, foi demitido.



Um ano depois, o Grêmio virou Inter, e o Caxias virou São José. Ao levar 3 a 0 do Zequinha nesta quarta-feira (relembre no vídeo ao lado) e cair para o terceiro lugar de seu grupo no returno do Gauchão, o Colorado escancarou uma crise que respinga, inevitavelmente, na Libertadores. A campanha vermelha na competição continental pode não ser das melhores, mas o time segue invicto, com uma vitória e dois empates. Tem todas as chances de classificação. Mesmo assim, o mundo colorado ruiu por causa do Gauchão.

O Inter caiu no mesmo questionamento que o Grêmio teve no ano passado: vale a pena demitir o treinador agora, no meio da Libertadores? A resposta tricolor foi “sim”. A colorada, pelo menos por enquanto, foi “não”. Jorge Fossati foi mantido no cargo. A diretoria argumentou que a mudança poderia ser pior para o elenco.

- Nós, historicamente, procuramos preservar a comissão técnica, fazer com que permaneça, supere as dificuldades. Entendemos que ele faz um bom trabalho, tem bom controle do grupo. Em resultados negativos, mesmo que a comissão técnica tenha influência, e todos nós temos, os problemas podem ser superados – disse o vice-presidente de futebol do Inter, Fernando Carvalho.

A demissão de Roth teve as repetidas derrotas em Gre-Nais como ponto central. Levar 3 a 0 do São José, por pior que seja, não é o mesmo que ser derrotado pelo rival quatro vezes seguidas. No único clássico do ano até agora, Jorge Fossati saiu vitorioso. Isso pesa.

Marcelo Rospide assumiu o Grêmio interinamente no ano passado a partir do jogo contra o Aurora, da Bolívia, ainda na primeira fase. Paulo Autuori, o técnico escolhido para substituir Roth, estreou só nas quartas de final, contra o Caracas. O Tricolor passou pelos venezuelanos, mas caiu na etapa seguinte, diante do Cruzeiro. Um ano depois, o Inter também pode trocar seu técnica logo na etapa inicial da competição. Se perder para o Cerro na quarta-feira, no Beira-Rio, Jorge Fossati provavelmente será demitido.

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