Bola Em Campo

22 de setembro de 2009

gramado sintético

À primeira vista pode até parecer uma solução óbvia e viável para os gramados esburacados tão frequentes em competições pela América do Sul, mas a adoção da grama sintética em partidas para profissionais é cercada de polêmica e opiniões contrárias, principalmente dos jogadores. O próximo clube brasileiro a provar essa alternativa é o Fluminense. Para tentar acabar com a sequência de maus resultados, o Tricolor entra no Estádio Miguel Grau, em Piúra (norte do Peru), nesta quarta-feira, às 19h15m (de Brasília), diante do Alianza Atlético, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, em piso artificial
Exigência da Fifa para a realização do Campeonato Mundial Sub-17 de 2005, o gramado passou a fazer parte dos estádios do país para teste e Piúra foi uma das poucas cidades a adotar definitivamente a ideia. A forma mais “fácil” de dar qualidade ao solo, entretanto, gera protestos, principalmente das equipes mais tradicionais. Segundo jornalistas peruanos, Alianza Lima e Universitário, por exemplo, não se cansam de enumerar os problemas que a opção pode causar.

Com o piso mais duro, a bola quica e corre muito mais do que o normal, gerando questionamentos sobre a qualidade do espetáculo. Porém, a maior preocupação está no aumento do risco de lesões articulares, por conta da junção do solo mais aderente com as chuteiras de travas, comuns em disputas em alto nível.

Tricolores têm experiência com a grama sintética

Na delegação tricolor, entretanto, o que não falta é profissional escaldado com os perigos da grama artificial. Fisioterapeuta da seleção sub-17 campeã do mundo em 2003, na Finlândia, quando este tipo de piso também foi testado, Carlos Soter viu de perto o drama de jogadores lesionados em decorrência da grama artificial:

- Lembro que três jogadores da Espanha ficaram fora da final por lesões no joelho. O Brasil, por sorte, só precisou jogar no sintético a decisão, e acabou campeão.

O risco faz até mesmo com que alguns jogadores optem por atuar com tênis específicos para o sintético. Algo descartado pelo volante Maurício. Membro da equipe brasileira vice-campeã mundial no Peru, em 2005, ele recordou a experiência, quando atuou no próprio Estádio Miguel Grau em duas partidas da primeira fase.
- Soubemos lidar com as dificuldades da grama sintética. Lembro que fizemos um período de adaptação em um campo em São Paulo. A bola quica mais e o piso artificial deixa o jogo mais veloz. A bola corre muito. Temos que ficar ligados nisso. É muito rápido mesmo - disse.

Na ocasião, Branco era o coordenador técnico das divisões de base da CBF, e o Brasil perdeu por 3 a 1 para Gâmbia e venceu a Holanda por 2 a 1 em Piúra. Além das questões técnicas, Maurício tirou outro ensinamento do contato com o gramado artificial: evitar ao máximo as quedas.

- Quando o jogador cai, acaba se ralando bem mais - revelou.

Diante de tanta precaução dos adversários, as equipes do departamento de Piúra acabam fazendo do sintético uma arma. Não somente pela adaptação, mas principalmente pelas temperaturas elevadas costumeiras nesta região. Diante do forte calor, há também muitas reclamações de que o solo acaba queimando os pés dos visitantes, desacostumados.

Tal situação torna comum até mesmo que as equipes locais mandem suas partidas no campeonato nacional no inusitado horário de meio-dia. Melhor para o Fluminense que o compromisso está marcado somente para o fim da tarde.

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