Bola Em Campo

15 de setembro de 2009

Tricolor não joga a toalha

Não é lá um dos brinquedos mais divertidos de um parque, mas toda criança que senta em uma gangorra quer sentir a sensação de subir e descer até cansar. Como já é gato escaldado e sua torcida leva a paixão muito à sério, o Bahia não está nem um pouco interessado nesse jogo infantil. Muito melhor seria estar no conforto de uma das poltronas do G-4 para, em 2010, se esbaldar no sofá da primeira divisão.
Porém, conforto é o que o tricolor não está tendo na atual Série B. O time sentou na gangorra a partir da segunda rodada da competição – quando perdeu para o São Caetano, depois de ter estreado com triunfo fácil sobre o Paraná – e não saiu mais.
Até a quinta rodada, o Bahia dava pinta de que iria brigar ferrenhamente pelo acesso e, ao final dela, ostentava o terceiro posto. Foi depois disso que a gangorra tricolor teve a primeira descida brusca, indo parar na 14ª posição na 11ª rodada.
Com a baixa do treinador Alexandre Gallo, a diretoria foi buscar Paulo Comelli – de passagem instável pelo Fazendão em 2008 – e sua equipe, com triunfos sobre Campinense (fora de casa) e Vasco (em Pituaçu), empurrou o brinquedinho para a nona colocação na 14ª rodada. Se a subida foi pequena, em compensação, a queda foi ainda mais arrepiante. Três jogos depois, o Esquadrão já era o 16º, a um passo da zona do rebaixamento.
Mas não poderia ficar assim. Afinal, a apaixonada torcida não aguentaria uma nova derrocada para a Série C. Então, Marcelo Guimarães Filho e Cia resolveram investir mais alto, em um comandante em ascensão no cenário nacional. Sérgio Guedes chegou e, com uma nova mentalidade, conseguiu levar o time para o 10º lugar, depois de três vitórias seguidas.
Foi inevitável pensar: agora vai? Doce ilusão. As duas derrotas, diante de Ceará e Portuguesa, pararam a gangorra, que pode voltar a descer com força hoje, quando o Bahia enfrenta o lanterna ABC, às 21h50, no Frasqueirão (o A TARDE ONLINE acompanha os principais lances da partida em tempo real hoje à noite). Para completar, esta terça também é dia de julgamento no STJD e o time pode perder três pontos por causa da confusão envolvendo o médico Daniel Araújo e o atacante Nadson no duelo com o São Caetano.
Se fosse pela lógica do Bahia na Série B, esta seria uma hora em que o torcedor poderia esperar mais uma série de insucessos e outra descida da gangorra. Mas a lógica nem sempre se faz presente no futebol e o treinador Sérgio Guedes espera que seus atletas retomem o ânimo que fez a torcida voltar a acreditar na volta do time à primeira divisão, ainda em 2009.
Por coincidência ou não, a maior queda de rendimento foi sentida no sábado, diante da Portuguesa, quando Guedes cumpriu seu primeiro jogo da punição de 30 dias imposta pelo STJD. Hoje, ele ainda vai assistir à partida da tribuna do Frasqueirão, mas o advogado do Bahia, Solón Kelmer, promete diminuir o tempo de ausência do técnico. “Depois de 15 dias, vamos solicitar a conversão do restante da pena em multa”, afirmou.
Realismo - E Guedes continua com a difícil missão de dar ânimo aos jogadores, que, em sua maioria, não mostraram muita vontade de vencer a Portuguesa. “Parece que eu vou justificar a derrota, mas se a gente tivesse feito os gols que perdemos no primeiro tempo, a história seria bem diferente. Não pode ser otimista nem pessimista ao extremo. Tem que ser realista”, disse ele, que não desiste de acreditar em sua equipe: “Não é delírio. Essa perspectiva boa vem em relação àquilo que a gente vê”.
Sobre uma possível perda de motivação com a tarefa quase impossível de levar o Bahia à Série A, o treinador é enfático. “Isso não pode acontecer, a gente precisa reagir. Para isso, é preciso ter paciência. Não adianta jogar em Natal querendo fazer seis pontos. Podemos fazer só três e, assim, nos dar condições de somar mais na sexta, contra o Brasiliense”, discursou.
O atacante Nadson, em boa fase, é um dos que ainda não abaixaram a cabeça. “É claro que a cada tropeço nossa tarefa fica mais difícil. Mas, enquanto houver possibilidade, vamos continuar lutando para alcançar o nosso objetivo”, afirmou.
E, apesar da atuação ruim diante da Lusa, Guedes não perdeu a confiança no seu time. “Estamos evoluindo, jogando melhor, mas precisamos de uma sequência mais forte, mais longa. Só assim vamos crescer.”

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