Bola Em Campo

11 de setembro de 2009

Quero um lugar nessa festa

Já são quase quatro meses fora do time titular. Situação inusitada para quem é chamado de ídolo. Acostumado a salvar o Ceará em momentos complicados e ter seu nome gritado na arquibancada, Adílson hoje é apenas um coadjuvante no elenco alvinegro. E vê de longe a luta do time por um lugar na primeira divisão nacional. Em entrevista ao O POVO, o goleiro, que está se recuperando de contusão, fala sobre as chances do Vovô na Série B, da vontade de voltar a jogar e da dor de um dia ter sido vaiado pela torcida.
Adílson está há cinco anos em Porangabuçu. De lá para cá, admite, os grandes momentos individuais sempre estiveram em choque com campanhas irregulares. Agora, não esconde a frustração de não fazer parte, efetivamente, do Ceará que dá certo.
O POVO - Como é ver o Ceará tão bem na Série B e você de fora do time?Adílson – É uma situação ruim, não vou mentir. Sempre estive presente em momentos complicados. E, agora que as coisas estão melhorando, tive a lesão, apesar de há mais de um ano jogar machucado. Estou doido para poder jogar e ajudar da melhor maneira o Ceará. E não sei o que o é pior: ver os jogos pela televisão ou ir ao estádio. A vontade de jogar é muito grande e você fica agoniado sem poder fazer nada.
OP - Esse time é forte o suficiente para subir? E por quê?Adílson - É forte, mas já vimos situações mudarem muito rápido. Aconteceu com o Criciúma, em 2007, e com o Vila Nova, em 2008. Temos de ir vencendo em casa e tirando pontos fora. Mas hoje está tudo ajudando. Do elenco do Estadual mudaram duas, três peças. E engraçado que há um tempo atrás tinha torcedor pedindo para alguns saírem. Já tínhamos qualidade, só que o resultado não vinha aparecendo.
OP - Esse é o Ceará mais competitivo que você vivenciou?Adílson – A gente teve bons elencos. O de 2007, por exemplo, foi um deles. Uma pena que não deu certo. O de 2005 também era muito bom. Mas hoje temos um conjunto bem forte. É um time equilibrado. Se você parar e analisar, chute frontal contra o goleiro a gente quase não sofre. Pelo menos não lembro de muitos. E a humildade também é importante. Não há estrelismo. A vaidade passa bem longe.
OP – A reserva, como você encara?Adílson - Eu não saí por deficiência técnica. Saí por lesão. Agora estou voltando e é hora de as pessoas se incomodarem. Quero voltar o quanto antes.
OP - A torcida chegou a te vaiar em alguns jogos. Para o ídolo, o quanto isso dói?Adílson - Esse foi um ano atípico. Tive algumas falhas que me machucaram bastante. São situações que eu não desejo para nenhum outro goleiro. Você nunca espera vaias dentro da sua casa. Você espera isso do adversário. Hoje, dou mais valor aos amigos.
OP - São cinco anos de Ceará. O que o levou a ficar tanto tempo no clube?Adílson - Eu não tenho empresário. Já tive, mas fiquei enroscado e muitas promessas não foram cumpridas. Fico feliz em estar aqui e sempre me senti bem dentro do clube. Acho que o calor humano fez uma grande diferencia. Por onde passei eu que fui atrás. Por exemplo: meu contrato acaba em novembro, mas não sei se o Ceará vai querer renovar.
OP - Nesses anos, foram mais alegrias ou tristezas?Adílson - Foram anos mais tensos que tranquilos, mas foi quando pude fazer a diferença. O ruim mesmo foi a eliminação (na Copa do Brasil deste ano). Nunca tinha tido uma falha tão grande na minha vida, a ponto de eliminar um time. Os meus melhores momentos foram quando ajudei o time a não cair em 2005, 2006 e 2007.
OP - Você se filiou a um partido político neste ano. Qual o objetivo?Adílson - Nós (Adílson e Sérgio Alves, além do presidente Evandro Leitão) fomos convidados pelo André Figueiredo (conselheiro do Ceará) para o PDT. Mas não é por isso que vou sair candidato. Ainda quero jogar e tenho muita madeira para queimar. Se um dia eu vier a me candidatar, vou procurar ajudar as pessoas como sempre fiz.
OP - A aposentadoria está próxima? Você vai continuar no futebol?Adílson - Tenho planos de jogar até os 40. Ou seja, tenho mais cinco anos pela frente. Quando parar, não sei se vou me envolver com o futebol. Você vê muita coisa errada e fica calado enquanto jogador. Aí continuar com isso por mais tempo é ruim. Então penso em abrir um negócio.

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